O controle da Hipertensão arterial através da prática de Chi Kung Terapêutico

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Laura Miguel (Instrutora de Chi Kung, MTC, Osteopata e Fisioterapeuta)
Trabalho realizado no âmbito do estágio do 3º ano do Curso de Instrutores de Chi Kung Terapêutico da Escola de Medicina Tradicional Chinesa (ESMTC), em Lisboa.
Hipótese
Equilibrando o yin e yang versus sistema neuro vegetativo parassimpático e simpático, através da prática de Chi Kung Terapêutico, é possível baixar e/ou controlar a hipertensão arterial.
Objectivos
Demonstrar que é possível baixar e/ou controlar a hipertensão arterial com a prática regular de Chi Kung Terapêutico.
Justificação - Pertinência
Fisiopatologia
Na Medicina Tradicional Chinesa não existe o termo hipertensão arterial. Ela não é considerada uma doença mas um sinal objetivo resultante de um ou vários bloqueios energéticos do organismo e que vem acompanhado de sintomas mais ou menos exacerbados que são em si também manifestações de síndromas subjacentes. Em Medicina Chinesa estes sintomas estão essencialmente associados a síndromas do fígado. Os médicos chineses chamam de síndroma sobrecarregado no topo e vazio na base. Existe um desequilíbrio entre o yin e o yang e apesar da aparência da doença estar no excesso de yang a origem está no vazio de yin. Por outro lado ocorre rotura do eixo shao yin. A água (rim) não é suficiente para apagar o fogo (coração).


Período de Realização do Estágio
De 23 de Março a 15 de Junho de 2015.
Período: 3 meses
Horário: 16h30-17h30.
Duração: 60 minutos
Frequência: 2 vezes por semana
Amostra
A amostra foi composta por 21 indivíduos entre os 51 e os 79 anos de idade (M=69), sendo 17 do sexo feminino e 4 do sexo masculino. Todos são aposentados e frequentam a universidade sénior, com excepção de 2 indivíduos.
Instrumentos de Medida
- Esfigmomanómetro para medição da tensão arterial
- Clue Medical Ibérica
- Ficha de avaliação
Métodos de Trabalho
- 18 movimentos do tai ji chi kung
- Automassagem de pontos específicos (1R, 3F, 6BP, 6MC, 7C e 4IG)
- Passos terapêuticos
- Postura da Árvore
Exemplo de automassagem:
Ponto 1R (yong quan)
Ponto 4IG (he gu)
Resultados do Estudo
Da amostra inicial foram selecionados os 10 indivíduos que realizaram sempre as duas medidas da tensão arterial, com o esfigmomanómetro e o Clue Medical. Destes, 5 estiveram presentes em todas as aulas, 3 faltaram a duas, 1 faltou a três e 1 faltou a seis. A média de presenças nas aulas foi de 93.75%.
Foram feitas cinco leituras da medição da tensão arterial. A primeira leitura para a pressão sistólica foi feita antes da prática de Chi Kung e as seguintes após cada 6 aulas práticas. O maior impacto foi na 2ª medição ou seja após as primeiras 6 sessões práticas de Chi Kung sendo a diferença de 0,94.
A segunda maior diferença que se registou entre duas leituras consecutivas foi entre a 4ª e 5ª medição sendo de 0,8.
A diferença entre a 1ª leitura e a 5ª leitura foi de 2.41.
Para os valores da pressão diastólica o maior impacto entre duas leituras consecutivas foi entre a 2ª e a 3ª medição, de 0,43, e o diferencial entre as duas últimas foi de 0,22.
A diferença entre a 1ª leitura e a 5ª foi de 0,59.

Foi também determinado o respectivo desvio padrão para a tensão sistólica e verificou-se também uma tendência para a diminuição o que significa que a tendência para diminuir identificada nas tensões é acompanhada de menor amplitude de valores.
A amostra para este estudo com o clue medical ficou reduzida a 7 indivíduos pois 3 deles revelaram risco cardíaco eminente dado que os valores do controlo neuro vegetativo, da frequência cardíaca e da variabilidade cardíaca não aparecem registados tendo sido descartada a hipótese dos eléctrodos pois foi feita a leitura da frequência cardíaca. Um dos indivíduos sabe que sofre de cardiopatia e é seguido pelo cardiologista (estenose de uma válvula), os outros dois foram aconselhados a consultar um médico cardiologista.
A leitura que se faz deste gráfico é que em média o controle neurovegetativo sobe, ou seja existe um aumento da actividade simpática e uma diminuição da parassimpática.
Em relação à frequência cardíaca e variabilidade, a leitura que se faz é que não houve praticamente variação. Em relação à frequência cardíaca a leitura aponta para uma diminuição embora não significativa.
Conclusão
Demonstrou-se que o controle da hipertensão arterial melhorou mas com mais impacto sobre a pressão sistólica. Numa linguagem energética podemos dizer que neste caso específico ao utilizarmos técnicas de Chi Kung para descer a energia do alto, calor e vento, e subir a energia do baixo, água, contribuímos para o reequilíbrio da energia no eixo shao yin assim como da energia yin e yang.
Em relação à hipótese colocada se, equilibrando o yin e yang versus sistema neuro vegetativo parassimpático e simpático através da prática de Chi Kung Terapêutico é possível baixar e/ou controlar a hipertensão arterial, os resultados apontam para o aumento do controlo neurovegetativo, ou seja houve um aumento da actividade simpática e uma diminuição da actividade parassimpática. O sistema simpático tem mais impacto na tensão diastólica e esta diminuiu ligeiramente. Perante estes factos coloca-se nova questão: Será que se pode relacionar yin e yang com o simpático e o parassimpático?


Há variáveis não contabilizadas e que podem justificar esta discrepância pois havia apenas um Clue Medical e como era um grupo grande houve um tempo de espera para a realização do exame, que demorava mais do que a medição da pressão arterial, e que por si só pode ter constituído uma fonte de stress e assim ter deturpado os resultados.
Embora sem peso estatístico, em relação à questão colocada sobre quais os aspectos positivos e negativos a salientar da prática de Chi Kung Terapêutico durante estes 3 meses, as palavras chave obtidas como resposta foram: ‘tranquilidade’, ‘estabilidade emocional’, ‘calma’, ‘leve’, ‘fluida de movimentos’, ‘ágil’, ‘equilíbrio’, ‘circulação sanguínea’, ‘postura’, ‘muito melhor’, ‘tensão arterial baixou’, ‘dormir melhor’, ‘muito bom’.
O grupo de estudo apesar de bastante heterogéneo evoluiu favoravelmente. Em termos gerais os indivíduos sentiram-se satisfeitos e felizes. Melhoraram a postura, sentiram o que era enraizar e o que era o eixo, melhoraram o equilíbrio, a concentração, a respiração, aumentaram a consciência corporal e a capacidade de relaxar usufruindo de maior tranquilidade. Com a prática do Chi Kung Terapêutico adquiriram estratégias para o reequilibro energético que os ajudarão a ter mais qualidade de vida.
Seria importante a realização de um estudo mais prolongado para perceber qual o impacto que teria na diminuição da toma dos medicamentos para a hipertensão. Importante também limitar os instrumentos de medida e ter como amostra um grupo etário de hipertensos mais jovens.
Bibliografia
Ross, J. Associations de Points – la clé du succés en acupuncture. Satas;
Lian, Yu-Li; Chen, Chun-Yang, Hammes, M., Kolster, B.C. Atlas Gráfico de Acupunctura. h.f. ullmann;
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Chia, M. e Saxer, D. O Tao da Sabedoria Emocional. Cultrix;
Chuen, L.K. O Caminho da Energia. Manole;
Nyanadhammo, A. Meditação a andar. Publicações Mosteiro Budista Theravada;
Problemas Mentais e Emocionais na práctica da MTC
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hipertens%C3%A3o_arterial
http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.513.9357&rep=rep1&type=pdf
* Artigo escrito por Laura Miguel, traduzido por Paula Madeira, editado e revisto por Margarida Aires, publicado e paginado por Joana Duque
www.chikung-terapeutico.com
www.esmtc.pt
www.healing-project.com
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