Chi Kung & Artes Marciais

 

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 Este artigo vem no seguimento de um trabalho apresentado no  2º ano do Curso de Instrutores de Chi Kung Terapêutico (20021/2022).

  Algumas  vezes ouvi: o  “Chi Kung é a preparação para a Arte Marcial”. Na busca de um melhor entendimento, e principalmente na busca de um melhor “sentir” sobre esta afirmação,  disponibilizei-me a  praticar uma Arte Marcial durante  uma época completa, bem como propôs a mim mesma o desafio de dar uma aula de Chi Kung direcionada a praticantes de Artes Marciais, mais concretamente  a praticantes de Karaté Shotokan, também apelidados de “Karatecas”.

  Tal como para mim foi a primeira vez que pratiquei a Arte do Karaté, também para  todos os Karatecas que participaram na aula, foi o seu primeiro contato com a prática do Chi Kung.


Rui Sequeira


  Esta experiência transportou-me até às origens do Karaté, cujo resultado foi este artigo, mas foi mais além; permitiu condensar e registar o melhor desta experiência num vídeo. Nesta curta produção, o objetivo é mostrar a ligação entre os exercícios executados na  aula de Chi Kung (Makko-Ho, Estimulação de Meridianos, Respiração Abdominal, Concentração de Energia, prática de Yin Jin Jing e Relaxamento) e o treino de karaté. Para  finalizar, foi recolhido o feedback dos karatecas sobre esta nossa tão apreciada “Arte” que é o Chi Kung Terapêutico. (Vamos ver o vídeo? )


Vídeo editado por Ana Rita Lourenço e produzido por Ana Carla Guerreiro

  Okinawa é uma ilha Japonesa que, sendo banhada pelo Mar da China sofreu a influência deste país. Nesta ilha, desenvolveu-se uma Arte Marcial com origem na China  e apelidada na altura de “To De - O Caminho da Mão Chinesa”. Em 1922 o Mestre Funagoshi (grande mentor do Karaté Shotokan), dá  a conhecer esta Arte Marcial ao público Japonês mudando o seu nome para  “Karaté-Do - O Caminho da Mão vazia”, sendo hoje conhecida pelo nome de Karaté Shotokan”

 Os livros que contam a história da origem do Karaté,  referem que os sutras escritos por Bodhidarma (Da-Mo), foram o método original de treino das Artes Marciais. Há sua semelhança, os livros que nos  chegam com a origem do Chi Kung  ensinam-nos que foi também destes “sutras”, no Chi Kung conhecidos como os Tratados “Yin Jin Jing – Clássico da Transmutação de Tendões e de Músculos” e “Xi Sui Jing – Clássico da Purificação de Medulas e Cérebro”,  que foram retiradas algumas das práticas  adaptadas ao Chi Kung Terapêutico e que hoje é ensinado e  praticado na  nossa Escola, nomeadamente a prática do Yin Jin Jing.

  Podemos assim dizer que tanto o Chi Kung como o Karaté, beberam da mesma fonte, trazendo para a atualidade, com as devidas diferenças e adaptações, o que hoje conhecemos como Chi Kung Terapêutico  e como Karaté Shotokan.

  Chegado aos dias de hoje estas duas Artes (Chi Kung e Karaté), não têm só em comum a sua origem, mas também a base onde assenta a sua prática: Movimento, Concentração e Respiração, podendo acrescentar ainda a  Ligação à Terra; todas fundamentais para ambas as práticas.

  No Chi Kung a Ligação à Terra, permite o  equilíbrio necessário à prática, e assim manter o foco e a concentração no movimento.  No karaté esta ligação permite uma  maior estabilidade,  e assim ir buscar a energia ao “chão” para usar na explosão do movimento.

  Tal como no Chi kung, a Respiração assume um papel importante no karaté, sendo o controlo da respiração uma parte vital do treino. O praticante de karaté  deve aprender a respirar adequadamente, a fim de desenvolver a região do diafragma,  sendo esta uma fonte significativa de poder nas técnicas de karaté. Neste sentido, sendo  o Chi Kung uma prática em que, por norma,  o movimento acompanha sempre a  respiração, a prática do Chi Kung como complemento ao treino do karaté,  será com certeza uma mais-valia, permitindo desenvolver a aptidão para o uso da respiração abdominal.

  No Japão a importância do Dantian (designado por Tanden na literatura sobre a prática do Karaté Shotokan) tem sido ensinada desde os primeiros tempos. Os Mestres  das Artes Marciais, enfatizavam a importância do Dantian,  porque acreditavam que aqui era o Centro do Espírito  Humano, e que esta área fornecia a base do  poder e do  equilíbrio.

  No karaté se a postura estiver correta, o centro de gravidade será encontrado no Dantian. Uma postura correta  permite ao karateca manter o equilíbrio entre a parte  superior e inferior de seu corpo, resultando em uma interação harmoniosa dos músculos e uma perda mínima de energia.

  O  Dantian é um  importante centro Energético,  o  grande “armazém” de energia do Corpo. Mais uma vez usar o Chi Kung para trabalhar o Dantian, poderá ajudar o karateca a manter o  seu centro de gravidade, ajudando a manter o equilíbrio desejado 

  Na sua essência o Karaté pretende que Espirito e Corpo sejam um só…não é também o que  pretendemos alcançar com a prática do Chi Kung?


Três  “K”  do karaté:  Kata – Sequência de técnicas contra um parceiro imaginário, Kumité – Luta “corpo a corpo”, Kihon – São as bases técnicas do karaté  (posições, ataques, e defesas, etc)



Bibliografia:
  -Hirokazu Kanazawa, P. (2017), Black Belt Karate, The Intensive Course, Kodansha America, Inc Publisher;
  -Masatoshi Nakayama, P. (2017), Dynamic Karate, Kodansha America, Inc Publisher;
  -Gichin Funakoshi, P. (1994), Karate-Do Nyumon, The Master Introductory Text, Inc Publisher;
  -Sebenta do Curso de Instrutores de Chi Kung Terapêutico.

Agradecimentos ao Sensei João Nené 5º Dan pelo apoio a este projeto.


*Artigo escrito por: Ana Carla Guerreiro
Aluna do 3º ano do Curso de Instrutores de Chi Kung Terapêuticos/E.S.M.T.C.
Revisto por: Paula Madeira;
Editado por: Mónica Martinho.




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