A Prática de Chikung Terapêutico em Contexto de Sala de Aula: Um fator de diferenciação no desempenho académico, no autocontrolo pessoal e na gestão de conflitos em Crianças do 1º Ano

Resumo:
A intervenção através da prática de Chikung Terapêutico para Crianças, na área da Educação, em Portugal, ainda se encontra numa fase inicial, embora já tenham sido desenvolvidos alguns trabalhos de investigação, em Escolas Públicas do Ensino Básico.
A síntese de literatura contempla quatro estudos, realizados neste domínio de investigação, e são descritos os seus principais resultados e conclusões. Esta síntese tem o propósito de contextualizar teórica e conceptualmente o estudo desenvolvido, pela autora, neste domínio de intervenção, durante o Estágio do 3º ano do Curso de Instrutores de Chikung Terapêutico, da Escola de Medicina Tradicional Chinesa, em Lisboa.
O Estágio decorreu no ano letivo de 2018/2019, o ano em que se iniciou o processo de autonomia e de flexibilidade curricular, uma mudança do paradigma da Educação em Portugal, sendo pertinente fazer referência ao seu enquadramento legislativo.
Este estudo foi realizado numa Escola Básica Integrada da Rede Pública, do Concelho de Alenquer, tem caraterísticas de um estudo de caso de natureza exploratória, a unidade de observação foi constituída por 43 alunos do 1º ano do Ensino Básico. Como objetivo geral da intervenção foi colocada a seguinte questão de investigação: Será a prática de Chikung Terapêutico um fator de diferenciação no desempenho académico e autocontrolo pessoal/gestão de conflitos em Crianças, no contexto escolar do 1º Ciclo do Ensino Básico?
Os métodos e materiais utilizados como instrumentos de recolha de dados, encontram-se descritos e incluem: o Desenho Espontâneo da Criança; a Grelha de Perfil Emocional; três subescalas do Questionário de Capacidades e de Dificuldades (SDQ-por)-Versão reduzida e o SubTeste de Dois Sinais.
Os resultados apontam no sentido de que, a prática de Chikung Terapêutico, no contexto escolar do 1º Ciclo, parece ter contribuído para a diminuição da percentagem de alunos, com problemas de comportamento, promovendo o autocontrolo pessoal e a gestão de conflitos. A diminuição de indicadores de hiperatividade, que têm repercussões ao nível da capacidade de aprendizagem, podem contribuir para uma melhoria do sucesso académico dos alunos.
O artigo conclui com um conjunto de considerações e reflexões finais relativas à continuação da investigação, em práticas inovadoras na educação em Portugal e, em particular à contribuição que o Chikung Terapêutico pode desempenhar na melhoria das aprendizagens.


INTRODUÇÃO
Este artigo foi pensado e organizado tendo em conta dois propósitos principais. O primeiro é o de partilhar com os leitores algumas características e resultados da investigação, na área do ChiKung Terapêutico para Crianças, no domínio da Educação. E com isso proporcionar: a) uma panorâmica do que se tem feito em Portugal; b) um enquadramento teórico que justificasse, a pertinência de se continuar a realizar estudos nessa área. O segundo propósito deste artigo é fazer a divulgação: a) das caraterísticas e resultados da investigação realizada pela autora; b) da abertura a novos caminhos para a inovação e transformação, que o novo enquadramento legislativo permite.


QUATRO ESTUDOS NA ÁREA DO CHIKUNG PARA CRIANÇAS, EM PORTUGAL
Sousa (2011) deu o primeiro passo para um estudo científico sobre a ansiedade relacionada com o desempenho académico, com base na mensurabilidade dos efeitos relacionados com o QiGong (ChiKung). A sua intervenção envolveu 8 crianças que receberam aulas de QiGong, durante 30 minutos, 2 vezes por semana, ao longo de 7 semanas e, um grupo de controlo, também constituído por 8 crianças, que não recebeu qualquer intervenção. Neste trabalho a investigadora concluiu que se poderia medir quantitativamente os efeitos do Qigong na variável ansiedade, e estes estavam correlacionados com os seguintes parâmetros: o batimento cardíaco, a tensão arterial e o nível de cortisol salivar. Após a intervenção, os resultados demonstraram que o QiGong reduz os níveis de ansiedade.
O estudo de Duarte (2013) sobre os efeitos do QiGong na Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção, PHDA, teve como base uma amostra de 66 adolescentes, pertencentes a 3 turmas do oitavo ano, com idades dos 12 aos 14 anos, e revelou que os exercícios "White Ball Qi Gong” podem ser recomendados para aumentar a atenção dos alunos, apresentando-se como uma estratégia confiável, sem revelar efeitos colaterais. Neste trabalho as variáveis em estudo foram medidas através da Aplicação do Teste de Atenção - d2.
Correia (2015) realizou um estudo para avaliar os efeitos da prática de Qigong em adolescentes com Perturbação da Hiperatividade com Défice de Atenção, tendo como objetivo principal, nas palavras de Correia (2015) “avaliar os efeitos do exercício “White Ball Qi Gong (WBQG)” em adolescentes com PHDA” (p. 4). O trabalho realizado por Correia (2015) é de natureza exploratória, baseia-se de num estudo de caso múltiplo, onde foram incluídos três adolescentes com idades compreendidas entre os 11 e 14 anos, diagnosticados com PHDA, por um especialista independente. Os adolescentes participaram voluntariamente e estavam a ser medicados há já pelo menos 3 meses. Os adolescentes receberam, duas sessões por semana, do exercício WBQG com duração aproximada de 10 minutos, por um período de quatro semanas, com um instrutor e também realizaram diariamente o referido exercício, cujo registo foi efetuado em folha própria. A técnica para a recolha de dados foi a Entrevista, Aplicação do d2- Teste de Atenção, a Medição da Frequência Cardíaca, a Escala de Conners para Pais-Versão Revista, e o Registo de Auto Monitorização e Autoavaliação. Assim, o Qigong pode constituir uma medida de intervenção terapêutica na PHDA, uma vez que, conduz ao aumento dos níveis de atenção seletiva e de concentração dos adolescentes com PHDA, e é capaz de regular a atividade parassimpática do Sistema Nervoso Autónomo, com a consequente ação ao nível da atividade motora (Correia, 2015, p. 81-83).
Maia (2018) realizou um estudo com 25 crianças, 11 do sexo masculino e 14 do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 5 e os 6 anos, a frequentar o Jardim de Infância Conde Sobral, em Almeirim. Neste trabalho Maia (2018) avaliou os benefícios da prática do Chi Kung na formação da personalidade de crianças de 5 anos de idade, no que diz respeito ao desenvolvimento da autoestima e do autocontrolo. Segundo Maia (2018) “é uma fase importante da vida da criança tendo em conta que passará pela transição do jardim de infância para a escola primária, razão pela qual o desenvolvimento da sua personalidade deverá ser apoiado o melhor possível.” Os parâmetros foram medidos/controlados através da aplicação do Teste da Árvore, os alunos desenharam antes e após as aulas de ChiKung, uma árvore. Esta técnica é uma técnica projetiva, que tem por objetivo o estudo das características individuais e a personalidade (Maia, 2018, p. 88). O Método de ChiKung aplicado foi o Medical Luohan Chi Kung, em aulas de 45 minutos, dentro da sala de aula e no exterior, duas vezes por semana, das 10h às 10h:45 min. De acordo com Maia (2018), os desenhos realizados pelos alunos após as aulas de Chi Kung revelaram uma melhoria significativa do Eu, não se encontrando os sentimentos de irritabilidade, insolência e agressividade, que estavam patentes no início. Ainda se confirma a diminuição dos níveis conflitualidade e de ansiedade no grupo, revelando que “o grupo passou a ser marcado, na sua maioria, por crianças animadas, com facilidade de adaptação e com caraterísticas intuitivas” (Maia, 2018, p. 106 e 113).


DIPLOMA DO CURRÍCULO E DIPLOMA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Este estágio veio ao encontro dos novos diplomas: Diploma do Currículo e Diploma da Educação Inclusiva, permitindo que as escolas tenham Flexibilidade no seu Desenvolvimento Curricular, de forma a promover o Bem-Estar Pessoal e Social, através de novas formas de ensinar. Estes novos diplomas alicerçam-se na trilogia: Felicidade, Conhecimento e, Capacidade de agir. Esta interação dinâmica desenvolve-se entre a Felicidade alicerçada no Conhecimento e na Capacidade de agir, integrada e subjacente no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória. No documento do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória estão implícitos os princípios de base humanista, de inclusão, de coerência e flexibilidade, que orientam, justificam e dão sentido aos valores que todas as crianças e jovens devem ser encorajadas nas atividades escolares, a desenvolver, e a pôr em prática: a Responsabilidade e integridade; Excelência e exigência; Cidadania e participação e Liberdade. O conceito de Competência salienta a interligação de três dimensões: - Conhecimentos, Capacidades e Atitudes. Das áreas de competências consideradas no documento, esta intervenção, incidiu essencialmente, no desenvolvimento das competências nas seguintes áreas: Relacionamento interpessoal; Desenvolvimento pessoal e autonomia; Bem-estar, saúde e ambiente; Consciência e domínio do corpo. Com a publicação do Diploma da Educação Inclusiva, fica reforçado que, cabe a cada escola definir o processo; no qual, se identificam as barreiras à aprendizagem com que o aluno se confronta, e se implementam diversas estratégias para as ultrapassar, de modo a assegurar que cada aluno tenha acesso ao currículo e às aprendizagens, levando todos e, cada um, ao limite das suas potencialidades. Sabemos que as barreiras sociais e emocionais dos alunos sempre foram e são obstáculos à sua aprendizagem; no entanto, com o Artigo 2º, alínea e) do mesmo Decreto-Lei, ao ser definido como obstáculo à aprendizagem: - as barreiras sociais e emocionais do aluno, permite que sejam também implementadas medidas de atuação, nessa área específica. A realização deste estágio convergiu para os objetivos específicos dos dois Diplomas acima referidos. Uma vez que proporcionou a implementação de uma estratégia completamente inovadora, que visa ajudar o aluno a ultrapassar as suas barreiras sociais e emocionais conduzindo ao seu sucesso académico.


A PRÁTICA DE CHIKUNG TERAPÊUTICO: EM CONTEXTO DE SALA DE AULA
No seu estudo, a autora desenvolveu a intervenção a partir da seguinte questão, que constituiu o objetivo geral da investigação: Será a prática de Chikung Terapêutico um fator de diferenciação no desempenho académico e no autocontrolo pessoal/gestão de conflitos em Crianças, no contexto escolar do 1º Ciclo do Ensino Básico? Para responder a esta questão foram delineados três objetivos específicos: 1) avaliar os efeitos da prática de Chikung no comportamento pró-social em crianças do 1º ano; 2) avaliar os efeitos da prática de Chikung em crianças do 1º ano, com Problemas de comportamento e 3) avaliar os efeitos da prática de Chikung em crianças do 1º ano, com Perturbação da Hiperatividade com Défice de Atenção (PHDA).

Local de Observação e Amostra
O local da observação foi na Escola Básica Integrada do Carregado, concelho de Alenquer, que tem no seu Projeto Educativo, a Promoção da Educação para a Saúde do Agrupamento (PES). A amostra era constituída por 43 alunos, devido à não autorização de recolha e tratamento de dados, por parte de dois encarregados de educação, na base de dados constam 41 alunos. As idades vão desde os 5 até aos 7 anos de idade, existindo ainda dois alunos com 8 anos e um aluno com 9 anos. A média das idades é cerca de 6,4 anos como se ilustra no gráfico 1.


A amostra é constituída por 23 alunos do género feminino, existindo 18 alunos do género masculino. A amostra quanto ao género revela um certo equilíbrio, como se observa na tabela 1.


A amostra é constituída por seis alunos abrangidos por medidas de suporte à aprendizagem e à inclusão, previstas no Diploma da Educação Inclusiva, constituindo 15% da totalidade dos alunos do estudo, como se refere na tabela 2.



Metodologia e Materiais
Esta investigação constituiu um estudo de natureza exploratória, com base num estudo de caso, onde foram incluídas duas turmas do 1º ano do 1º Ciclo do Ensino Básico. As sessões de Chikung Terapêutico foram realizadas durante 45 minutos, uma vez por semana, no horário das 9 horas às 9h:45 minutos, na de sala de aula, em horário letivo, à segunda-feira na turma 1ª e à quarta-feira na turma 2A e sempre com a presença da Professora Titular de Turma. Assim, a intervenção foi integrada no contexto normal de sala de aula, durante a prática apenas foram afastadas as mesas e as cadeiras, permitindo a criação de um espaço central, onde a disposição em círculo foi uma constante. As sessões planificadas foram vinte e quatro por turma, com vista ao desenvolvimento na Criança: da Concentração, da Respiração Abdominal, do Equilíbrio Psicomotor e do Respeito pelo Outro. Na planificação das vinte e quatro sessões foram aplicados exercícios de dois sistemas: os 18 movimentos do Tai Ji Qigong, para enriquecimento da estrutura física, mental e emocional, em dezasseis aulas, primeiro e último terço da intervenção e, os 12 movimentos do professor Zhou Nian-Feng, adaptados do célebre de Yi Jin Jing, de DA MO, ou BODIDHARMA, para o fortalecimento do corpo e da inteligência, em oito aulas, no segundo terço da intervenção.
Os materiais utilizados para a recolha de dados do Perfil Emocional da Criança, foram: 1) o Desenho Espontâneo da Criança, designado por Cromodiagnóstico, que seguiu um procedimento específico, quer na aplicação quer no tratamento dos dados; 2) a Grelha do Perfil Emocional da Criança, uma grelha elaborada com base nos princípios teóricos da Medicina Tradicional Chinesa, ambos utilizados para diagnóstico. Para o estudo das variáveis Autocontrolo Pessoal e Gestão de Conflitos, foi utilizado o questionário-SDQ-versão portuguesa reduzida, uma vez que já estava validado para a população portuguesa, com idades entre os 4 e os 16 anos, apenas foram utilizadas como instrumentos de inquirição as três subescalas: 1) da Subescala do comportamento pró-social, os itens: Partilha facilmente com outras crianças (guloseimas, brinquedos, lápis, etc.); Gosta de ajudar se alguém está magoado, aborrecido ou doente; Sempre pronto/a a ajudar os outros (pais, professores ou outras crianças); 2) da Subescala dos problemas de comportamento, os itens: Obedece com facilidade, faz habitualmente o que os adultos lhe mandam; Enerva-se muito facilmente e faz muitas birras; Mente frequentemente ou engana; 3) da Subescala da hiperatividade, os itens: É irrequieto/a, muito mexido/a, nunca para quieto/a; Distrai-se com facilidade, está sempre com a cabeça no ar; Geralmente acaba o que começa, tem uma boa atenção. Para recolher os dados sobre o Índice de Dispersão/grau de distração da Criança foi aplicado o “Subteste de dois sinais” pelo Psicólogo do Serviço de Psicologia e Orientação do Agrupamento de Escolas, na sala de aula dos alunos.


Resultados
Os resultados deste estudo encontram-se divididos em três partes de acordo com os objetivos/questão de partida e de acordo com os instrumentos de recolha de dados utilizados.

Perfil Emocional da Criança
Este resultado foi descrito graficamente, e cada momento da recolha foi designando por desenho 1, desenho 2 e desenho 3, respetivamente. Para uma melhor aplicação da técnica do Cromodiagnóstico, para cada ao aluno foi traçado um gráfico de barras, ilustrando os valores de cor relativos, expressos em percentagem de cor, para cada desenho, i.e. em cada momento da recolha dos dados. Esta forma de observar a variação do padrão da cor ao longo da intervenção, facilita a análise sobre o Perfil Emocional da Criança, nos diferentes momentos temporais da intervenção. Como se pode observar a partir dos gráficos 2 e 3, em baixo, existe uma alteração significativa no padrão das cores e na densidade de cor utilizada do desenho 1 para o desenho 2, e do desenho 2 para o desenho 3, em ambos os alunos. Estes dois exemplos ilustram também, o que se verifica nos restantes alunos do estudo, em todos os casos ocorreu uma alteração no perfil emocional da criança antes e após a intervenção.


Numa fase posterior foi realizada uma análise do perfil global dos alunos, tendo sido considerado,
para facilitar a análise e para se obter resultados mais significativos, apenas os dados recolhidos
no desenho 1 (primeiro momento antes da intervenção) e os dados recolhidos no desenho 3
(último momento após o fim da intervenção). Assim, em relação à análise do perfil global dos
alunos, o tratamento global dos dados de percentagem de cor e de densidade esses dados foram
tratados como amostras emparelhadas; uma vez que, são constituídas utilizando os mesmos
sujeitos experimentais, e encontram-se nos gráficos 4 a 11.




Aplicando o Teste t, apresenta-se as correlações de amostras emparelhadas: número de alunos, correlação e significância para a percentagem de cada cor (par 1 ao par 7) e, para a percentagem de densidade de cor (par 8), nos dois momentos de recolha de dados. O resultado do Teste t, considera duas hipóteses: uma assume que as variâncias da média da % de cor nos dois momentos são iguais (hipótese nula); outra hipótese assume que as variâncias da média da % de cor nos dois momentos são diferentes. Para testar a hipótese nula utilizou-se o teste de Levene. Se o nível de significância observado para o teste de Levene for pequeno (inferior a 0,05), então rejeita-se a hipótese nula de igualdade das variâncias da média, e a distribuição não é aleatória, pelo que existirá um fator que está a determinar a diferença. Como se pode observar na tabela 2 a percentagem de densidade de cor, utilizada no desenho 1 e no desenho 3 apresentam um nível de significância de 0,031; pelo que, as variâncias da média da percentagem de densidade de cor nos dois momentos, antes da intervenção e após o fim da intervenção, são diferentes, rejeita-se a hipótese nula de igualdade das variâncias.


Em relação aos resultados obtidos, através da grelha de observação das Professoras Titulares de
Turma, o facto desta ter sido preenchida pela docente e, se basear na avaliação que esta mesmo
faz, introduz um fator de perturbação que não nos permite realizar o mesmo tipo de análise e,
nem retirar as mesmas conclusões. Assim, os dados encontram-se expressos em valores de
frequência e percentagem de alunos e, foram relacionadas estatisticamente as caraterísticas do
Perfil Emocional com a variável Género, apresentando-se os resultados nas tabelas 3 à 12.



Autocontrolo Pessoal e Gestão de Conflitos
Em relação à análise dos dados retirados da subescala, para medir o comportamento pró-social
dos alunos, o tratamento global dos dados encontra-se nos gráficos 12, 13 e 14. Nos dados
recolhido sobre o item: Partilha facilmente com outras criança, não existe diferenças nos dois
momentos da recolha dos dados, pelo que se apresenta apenas o gráfico correspondente ao
último momento (figura 12).

Nos gráficos seguintes, figuras 15 a 17, estão apresentados os dados, que foram retirados da análise da subescala para medir os problemas de comportamento dos alunos.




Nos gráficos 18, 19 e 20 estão ilustrados os dados que foram retirados da análise da subescala para medir a hiperatividade dos alunos.













Índice de Dispersão/Grau de Distração da Criança
O Subteste de dois sinais foi aplicado pelo Técnico e cotado seguindo as indicações do mesmo. Os resultados do seu tratamento estatístico estão apresentados na tabela 13.


Discussão dos Resultados
A análise dos resultados demonstrou que ao longo da aplicação das 24 sessões de ChiKung Terapêutico para Crianças, o Perfil Emocional da Criança foi se alterando. Da análise do Desenho espontâneo: as cores que aumentaram de expressão após o fim da intervenção foram: a cor Verde, associada ao elemento Madeira, que passou de 18% no desenho 1 para 33% no desenho 3; seguida da cor Vermelho associada ao elemento Fogo, que registou um aumento menor, cerca de 15% no desenho 1 para 20% no desenho 3 e a cor Preto, associada ao elemento Água cuja média de utilização aumentou ligeiramente de 15% no desenho 1 para 18% no desenho 3. A percentagem de utilização da cor Laranja, associada ao elemento Terra, não sofreu alterações significativas cerca de 10% antes do início da intervenção e após o fim da intervenção. As cores que diminuíram de expressão após o fim da intervenção foram: a cor Azul, associada ao elemento Água, que passou de 24% no desenho 1 para 9% no desenho 3; a cor Cinza associada ao elemento Metal, registou uma diminuição menor, cerca de 9% no desenho 1 para 4% no desenho 3 e a cor Violeta, associada ao elemento Fogo cuja média de utilização diminuiu ligeiramente de 9% no desenho 1 para 6% no desenho 3. A média da percentagem da Densidade de cor utilizada, também se alterou durante a aplicação das aulas de Chikung, aos alunos da amostra. Ocorreu uma diminuição na Densidade de cor de 24% no desenho 1 para 18% no desenho 3. Verificou-se que existe um fator que está a condicionar a diferença dessas médias, pelo que a distribuição não é aleatória; ou seja, poderá a intervenção ter contribuído para essa alteração. Da análise através da Grelha do Perfil Emocional da Criança observou-se que o elemento Terra estava em equilíbrio, na grelha cerca de 49% dos alunos apresentam-se Confiantes e Afetuosos, e destes 70% são do género feminino. Assim como o elemento Fogo, em que 59% dos alunos na perceção das professoras, são Alegres e Serenos. O que vai ao encontro do que foi revelado na análise dos desenhos, i.e. uma pequena variação na percentagem da cor Laranja e Vermelho, nos diferentes momentos de recolha de dados. Em relação à emoção associada ao elemento Água, Medo ou Fobia, na perceção das professoras, esta estava presente em 62% dos alunos da amostra. O que foi revelado também, na expressão do aumento da percentagem de Preto dos desenhos finais. A grelha do Perfil Emocional da Criança, preenchida pelas professoras no final da intervenção, revela que 27% dos alunos da amostra é Impaciente ou Irrita-se, uma caraterística associada ao elemento Madeira, em desequilíbrio. Esta perceção parece ser concordante com a informação retirada da análise dos desenhos; uma vez que, a cor Verde tem de facto expressão, aumentando no terceiro momento da recolha de dados. Em relação ao perfil da criança, segundo a informação das professoras, 85% dos alunos da amostra, revelou ser introvertido, uma caraterística Yin, que está igualmente distribuída pelos dois géneros. Em relação aos parâmetros Autocontrolo pessoal e Gestão de conflitos, verificou-se que não existiu alteração no comportamento pró-social, antes e após a intervenção. O mesmo já não se pode afirmar, para problemas de comportamento e hiperatividade. Os dados revelam uma diminuição na percentagem de alunos com Problemas de comportamento, após o terceiro momento de recolha de dados; ou seja, no final da intervenção da prática de Chikung Terapêutico. A percentagem de alunos a manifestarem os itens: Enerva-se ou faz birras e Mente frequentemente ou engana diminuiu. Ainda, no final da intervenção, verificou-se um aumento na percentagem de alunos no item: Obedece com facilidade. Em relação à Hiperatividade, os dados revelam uma diminuição na percentagem de alunos que, após o final da intervenção da prática de Chikung Terapêutico, manifestaram uma diminuição nos itens: É irrequieto/a, muito mexido/a e Distrai-se com facilidade. E também, se verificou um aumento, na percentagem de alunos que no final da intervenção, apresentavam o item: Geralmente acaba o que começa. Do tratamento dos dados do Subteste dos Dois Sinais, foi possível observar que na amostra, existe um valor médio para o Índice de dispersão superior a 20%; ou seja, a média dos alunos da amostra têm um elevado nível de distração.

Considerações e Reflexões Finais
A introdução da prática de Chikung Terapêutico, no contexto escolar do 1º Ciclo, parece ter contribuído para alguma diminuição da percentagem de alunos, com problemas de comportamento, promovendo o autocontrolo pessoal e a gestão de conflitos. A diminuição de parâmetros como: “Distrai-se com facilidade” e, “É irrequieto/a, muito mexido/a”, que são indicadores de hiperatividade, e que têm repercussões ao nível da capacidade de aprendizagem; constitui um bom prognóstico, uma vez que a sua diminuição pode contribuir para uma melhoria do sucesso académico dos alunos. Assim, a questão de partida parece ter sido respondida: a Prática de Chikung Terapêutico pode ser um fator de diferenciação no desempenho académico, no autocontrolo pessoal e gestão de conflitos em crianças, no contexto escolar, do 1º Ciclo do Ensino básico. Este tipo de intervenção, é uma prática inovadora que visa melhorar a maneira como os alunos lidam com as emoções, promovendo a consciência e o domínio do corpo. Recomenda-se a continuação da prática de Chikung Terapêutico neste grupo de alunos; e mesmo, alargar a outro grupo de alunos, salientando os exercícios respiratórios, de preferência respiração abdominal, para melhorar a energia do elemento Madeira e à postura da Árvore-água para equilibrar o elemento Água. Aplicando o Conceito que a Água é o elemento que nutre a Madeira.

AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi possível devido à colaboração das seguintes instituições e das pessoas que as representam, pela qual expresso o meu profundo agradecimento:
- Direção Geral da Educação;
- Direção do Agrupamento de Escolas do Carregado;
- Equipa do Projeto para a Promoção de Saúde Escolar do Agrupamento de Escolas do Carregado;
- Escola de Medicina Tradicional Chinesa de Lisboa.
Gostaria de agradecer também à minha amiga Teresa Câncio, pelas horas dedicadas ao tratamento estatístico, do qual dependia em grande parte o tratamento da informação recolhida.

Referências Bibliográficas
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Referências Legislativas
Decreto-Lei nº 54/2018 de 6 de julho. Diário da República n.º 129, I Série.
Decreto-Lei nº 55/2018 de 6 de julho. Diário da República n.º 129, I Série.
Despacho Normativo n.º 6478/2017 de 26 de julho. Diário da República n.º 143, II Série.


* Artigo escrito por Carla Silva, traduzido por Paula Madeira e Joana Freches Duque, publicado e paginado por Joana Freches Duque.

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